(Fotografia de Roy DeCarava)
Vantagens
1) Permite aprofundamento da percepção do sentido que as pessoas atribuem às suas acções.
2) Torna-se flexível porque o contacto directo permite explicitação das perguntas e das respostas.
Limites
1) É menos útil para efectivar generalizações. O que se ganha em profundidade perde-se em extensividade.
2) Implica interacções directas. As respostas podem ser condicionadas pela própria situação da entrevista. Estes efeitos devem ser tidos em conta.
A amostra
A amostra, em entrevistas em profundidade, não tem o seu significado mais usual, o de representatividade estatística de determinado universo. Está mais ligada à significação e à capacidade que as fontes têm de dar informações confiáveis e relevantes sobre o tema de pesquisa. Boa parte da validade da pesquisa está associada à selecção. É possível, entrevistando um pequeno número de pessoas, adequadamente seleccionadas, fazer um relato bastante consistente sobre um tema bem definido. Relevante, neste caso, é que as fontes sejam consideradas não apenas válidas, mas também suficientes para responder à questão de pesquisa, o que torna normais, durante a pesquisa de campo, novas indicações de pessoas que possam contribuir com o trabalho e, portanto, ser acrescentadas à lista de entrevistados.
Individual- quando a entrevista é dirigida a uma pessoa; se o objectivo é recolher informação sobre o entrevistado.
Grupo- quando o entrevistador recolhe dados de vários participantes através da observação conjunta das interacções e dinâmica de grupo; se o objectivo é recolher informação de vários participantes e características comuns.
Social- quando uma pessoa ou um grupo avalia e forma uma opinião acerca de um ou mais indivíduos.
Painel- quando uma pessoa é entrevistada por várias pessoas em conjunto.
(Fotografia de Mario Giacomelli)
Os tipos
Directiva – o guião da entrevista é rígido, a ordem das perguntas respeita uma lógica. Obedece a um plano constituído por um conjunto de questões previamente escolhidas. Todos os pormenores da entrevista são cuidadosamente preparados, através de uma escolha rigorosa da sequenciação das questões, do vocabulário utilizado e na forma como as questões são formuladas, de modo a que as perguntas e as respostas estejam, antecipadamente, condicionadas (Costa, 2004). O resultado deste procedimento designa-se por guião da entrevista. Este, conduz a uma diminuição da liberdade de resposta, por parte do entrevistado, que só deve responder ao que lhe é perguntado. Esta é uma limitação deste tipo de entrevista, uma vez que se perde toda a informação adicional que pode advir da espontaneidade do entrevistado (Pardal, 1995).
Semi-directiva - O entrevistador conhece os temas sobre os quais tem que recolher informação, mas a ordem e a forma de questionar é livre. O entrevistador orienta-se por um guião de temas que serão abordados livremente sem obedecer a uma ordem determinada. Deste modo, o entrevistador pode alterar a ordem das questões preparadas ou introduzir novas questões no decorrer da entrevista, solicitando esclarecimentos ou informação adicional, não estando portanto, regulado por um guião rígido (Simões, 2006). Por outro lado, o entrevistado também não está condicionado a responder apenas ao que lhe é perguntado, pois as perguntas são abertas, podendo expandir-se para outros temas não previstos pelo entrevistador. As entrevistas semi-estruturadas passaram a ser amplamente usadas por os “pontos de vistas dos sujeitos serem mais facilmente expressos numa situação de entrevista relativamente aberta do que numa entrevista estruturada ou num questionário” (Flick, 2005).
Não directiva - convida-se o entrevistado a organizar o seu discurso a partir de um tema proposto e o entrevistador só intervém para encorajar. O tema da entrevista é apresentado ao entrevistado e este desenvolve livremente o assunto, dando a conhecer as suas opiniões (Costa, 2004). A entrevista é modelada por uma maior informalidade no tratamento dos conteúdos a apresentar ao entrevistado, pelo que as respostas são mais informais e livres, tornando a entrevista numa conversa espontânea entre o entrevistador e o entrevistado. Pardal (1995, p. 65) destaca dois tipos de entrevista não directiva: a entrevista não-dirigida, que se caracteriza "por uma completa liberdade de conversação"; a entrevista dirigida, que se centra "num assunto preciso, com as perguntas em torno dele". Neste tipo de entrevista, pode acontecer que, face à sua natureza, a informação transmitida afaste-se do interesse do contacto do entrevistador e o próprio tratamento da informação apresenta mais dificuldades do que nos outros tipos de entrevista.
(Fotografia de Harald Hauswald)
Modelo de tipologia em entrevista
Pesquisa | Questões | Tipo | Modelo | Abordagem | Respostas |
Qualitativa | Não-estruturadas | Aberta | Questão | Em Profundidade | Indeterminadas |
Semi-estruturadas | Semi-aberta | Roteiro | |||
Quantitativa | Estruturadas | Fechada | Questionário | Linear | Previstas |
O guião
O guião de entrevista é um texto que serve de base à realização de uma entrevista propriamente dita. Antes de realizar qualquer entrevista é necessário seleccionar o tema, os objectivos, a(s) pessoa(s) a entrevistar. O guião é constituído por um conjunto (ordenado ou não) de questões abertas (resposta livre), semi-abertas (parte da resposta fixa e outra livre) ou fechadas (resposta fixa). Deve incluir uma indicação da entidade e/ou pessoa, data, local e título. Um texto inicial apresenta a entrevista e os seus objectivos, devendo ser lido ao entrevistado. O guião ainda pode conter notações que auxiliam a condução da entrevista (tempo previsível de resposta, palavras-chave de resposta, questões para aprofundamento do tipo “pode dizer-me mais acerca deste assunto?”, etc.).
- Caracterização dos entrevistados (idade, escolaridade, localidade, …);
- Selecção da população e da amostra;
- Definição da temática e dos objectivos;
- Estabelecimento do meio de comunicação, espaço onde decorre a entrevista e do tempo;
- Descriminação das características e perguntas do guião;
- Produção e aspecto gráfico do guião;
- Validação da entrevista pela análise crítica, por outros indivíduos de relevo.
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