segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A Entrevista - Estrutura e Exemplos

(Fotografia de Roy DeCarava)

Vantagens

1) Permite aprofundamento da percepção do sentido que as pessoas atribuem às suas acções.
2) Torna-se flexível porque o contacto directo permite explicitação das perguntas e das respostas.

Limites

1) É menos útil para efectivar generalizações. O que se ganha em profundidade perde-se em extensividade.
2) Implica interacções directas. As respostas podem ser condicionadas pela própria situação da entrevista. Estes efeitos devem ser tidos em conta.

A amostra

A amostra, em entrevistas em profundidade, não tem o seu significado mais usual, o de representatividade estatística de determinado universo. Está mais ligada à significação e à capacidade que as fontes têm de dar informações confiá­veis e relevantes sobre o tema de pesquisa. Boa parte da validade da pesquisa está associada à selecção. É possível, entrevistando um pequeno número de pessoas, ade­quadamente seleccionadas, fazer um relato bastante consistente sobre um tema bem definido. Relevante, neste caso, é que as fontes sejam consideradas não apenas válidas, mas também suficientes para responder à questão de pesquisa, o que torna normais, durante a pesquisa de campo, novas indicações de pessoas que possam contribuir com o trabalho e, portanto, ser acrescentadas à lista de entrevistados.

Individual- quando a entrevista é dirigida a uma pessoa; se o objectivo é recolher informação sobre o entrevistado.
Grupo- quando o entrevistador recolhe dados de vários participantes através da observação conjunta das interacções e dinâmica de grupo; se o objectivo é recolher informação de vários participantes e características comuns.
Social- quando uma pessoa ou um grupo avalia e forma uma opinião acerca de um ou mais indivíduos.
Painel- quando uma pessoa é entrevistada por várias pessoas em conjunto.

(Fotografia de Mario Giacomelli)


Os tipos

Directiva – o guião da entrevista é rígido, a ordem das perguntas respeita uma lógica. Obedece a um plano constituído por um conjunto de questões previamente escolhidas. Todos os pormenores da entrevista são cuidadosamente preparados, através de uma escolha rigorosa da sequenciação das questões, do vocabulário utilizado e na forma como as questões são formuladas, de modo a que as perguntas e as respostas estejam, antecipadamente, condicionadas (Costa, 2004). O resultado deste procedimento designa-se por guião da entrevista. Este, conduz a uma diminuição da liberdade de resposta, por parte do entrevistado, que só deve responder ao que lhe é perguntado. Esta é uma limitação deste tipo de entrevista, uma vez que se perde toda a informação adicional que pode advir da espontaneidade do entrevistado (Pardal, 1995).

Semi-directiva - O entrevistador conhece os temas sobre os quais tem que recolher informação, mas a ordem e a forma de questionar é livre. O entrevistador orienta-se por um guião de temas que serão abordados livremente sem obedecer a uma ordem determinada. Deste modo, o entrevistador pode alterar a ordem das questões preparadas ou introduzir novas questões no decorrer da entrevista, solicitando esclarecimentos ou informação adicional, não estando portanto, regulado por um guião rígido (Simões, 2006). Por outro lado, o entrevistado também não está condicionado a responder apenas ao que lhe é perguntado, pois as perguntas são abertas, podendo expandir-se para outros temas não previstos pelo entrevistador. As entrevistas semi-estruturadas passaram a ser amplamente usadas por os “pontos de vistas dos sujeitos serem mais facilmente expressos numa situação de entrevista relativamente aberta do que numa entrevista estruturada ou num questionário” (Flick, 2005).

Não directiva - convida-se o entrevistado a organizar o seu discurso a partir de um tema proposto e o entrevistador só intervém para encorajar. O tema da entrevista é apresentado ao entrevistado e este desenvolve livremente o assunto, dando a conhecer as suas opiniões (Costa, 2004). A entrevista é modelada por uma maior informalidade no tratamento dos conteúdos a apresentar ao entrevistado, pelo que as respostas são mais informais e livres, tornando a entrevista numa conversa espontânea entre o entrevistador e o entrevistado. Pardal (1995, p. 65) destaca dois tipos de entrevista não directiva: a entrevista não-dirigida, que se caracteriza "por uma completa liberdade de conversação"; a entrevista dirigida, que se centra "num assunto preciso, com as perguntas em torno dele". Neste tipo de entrevista, pode acontecer que, face à sua natureza, a informação transmitida afaste-se do interesse do contacto do entrevistador e o próprio tratamento da informação apresenta mais dificuldades do que nos outros tipos de entrevista.

(Fotografia de Harald Hauswald)


Modelo de tipologia em entrevista

Pesquisa
Questões 
 Tipo
Modelo
Abordagem
Respostas
Qualitativa
Não-estruturadas
Aberta
Questão

Em Profundidade
Indeterminadas
Semi-estruturadas
Semi-aberta

Roteiro
Quantitativa
Estruturadas
Fechada
Questionário
Linear
Previstas




O guião

O guião de entrevista é um texto que serve de base à realização de uma entrevista propriamente dita. Antes de realizar qualquer entrevista é necessário seleccionar o tema, os objectivos, a(s) pessoa(s) a entrevistar. O guião é constituído por um conjunto (ordenado ou não) de questões abertas (resposta livre), semi-abertas (parte da resposta fixa e outra livre) ou fechadas (resposta fixa). Deve incluir uma indicação da entidade e/ou pessoa, data, local e título. Um texto inicial apresenta a entrevista e os seus objectivos, devendo ser lido ao entrevistado. O guião ainda pode conter notações que auxiliam a condução da entrevista (tempo previsível de resposta, palavras-chave de resposta, questões para aprofundamento do tipo “pode dizer-me mais acerca deste assunto?”, etc.).

- Caracterização dos entrevistados (idade, escolaridade, localidade, …);
- Selecção da população e da amostra;
- Definição da temática e dos objectivos;
- Estabelecimento do meio de comunicação, espaço onde decorre a entrevista e do tempo;
- Descriminação das características e perguntas do guião;
- Produção e aspecto gráfico do guião;
- Validação da entrevista pela análise crítica, por outros indivíduos de relevo.

domingo, 20 de novembro de 2011

A Entrevista

(fotografia de Brigitte Lacombe)

A entrevista é definida por Haguette (1997) como um “processo de interacção social entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objectivo a obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado”. A entrevista como recolha de dados sobre  um determinado tema científico é a técnica mais utilizada no processo de trabalho de  campo. Através dela os pesquisadores buscam obter informações, ou seja, recolher  dados objetivos e subjetivos. Os dados objectivos podem ser obtidos também através de fontes secundárias tais como: censos, estatísticas, etc. Já os dados subjectivos só poderão ser obtidos através da entrevista, pois que, eles se relacionam com os valores,  às atitudes e às opiniões dos sujeitos entrevistados.

A preparação da entrevista é uma das etapas mais importantes da pesquisa que requer tempo e exige alguns cuidados, entre eles destacam-se: o planeamento da entrevista, que deve ter em vista o objectivo a ser alcançado; a escolha do entrevistado, que deve ser alguém que tenha familiaridade com o tema pesquisado; a oportunidade da entrevista, ou seja, a disponibilidade do entrevistado em fornecer a entrevista  que deverá ser marcada com  antecedência para que o pesquisador se assegure de que será recebido; as condições favoráveis que possam garantir ao entrevistado o segredo de suas confidências e de sua identidade e,  por fim, a preparação específica que consiste em  organizar o roteiro ou formulário com as questões importantes (LAKATOS, 1996).  

Quanto à formulação das questões o pesquisador deve ter cuidado para não elaborar perguntas absurdas, arbitrárias, ambíguas, deslocadas ou tendenciosas. As perguntas devem ser feitas levando em conta a sequência do pensamento do pesquisado, ou seja, procurando dar continuidade na conversação, conduzindo a entrevista com um certo sentido lógico para o entrevistado. Para se obter uma narrativa natural muitas vezes não é interessante fazer uma pergunta directa, mas sim fazer com que o pesquisado relembre parte de sua vida. Para tanto o pesquisador pode muito bem ir suscitando a memória do pesquisado (BOURDIEU, 1999).  As formas de entrevistas mais utilizadas  em Ciências Sociais são: a entrevista estruturada,  semi-estruturada,  aberta, entrevistas com grupos focais,  história de vida e também a entrevista projetiva. Ao discorrermos sobre eles tentaremos identificar, na medida do possível, quais as vantagens e as desvantagens destes tipos de entrevistas. Mesmo sabendo de antemão que a escolha de quaisquer técnicas de recolha de dados depende particularmente da adequação ao problema da pesquisa. 

Referências:
BOURDIEU, Pierre. A miséria do mundo. Tradução de Mateus S. Soares
HAGUETTE, Teresa Maria Frota.  Metodologias qualitativas na Sociologia. 5ª edição. Petrópolis: Vozes, 1997.
LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de pesquisa. 3ª edição. São Paulo: Editora Atlas, 1996.  

Métodos de recolha de dados

(fotografia de Cecil Beaton)


1. Análise de Dados documentais
Fontes deliberadas:  produzidas deliberadamente para salvaguardar os dados para o futuro
Fontes inadvertidas: concebidas com outro fim, exames, registos de assiduidade, fichas pessoais, jornais, actas, ... (terá de ser verificada a sua validade)
· Localização dos documentos- Verificar a acessibilidade e a confidencialidade dos documentos
· Selecção dos documentos - Evitar muitas fontes deliberadas
· Análise crítica dos documentos:
Critica externa: verificar a veracidade dos documentos e se não são falsificados
Critica interna: análise dos conteúdos do documento, que tipo de documento, o que diz, quem o produziu, como surgiu, é a versão integral ou um resumo?


2. Inquéritos
· Tipos de Questões => respostas

- Verbal ou Aberta:
Uma palavra, uma frase ou um comentário mais longo.
Produzem informações úteis, mas de difícil análise.

- Fechada:
a) Lista: É apontada uma lista de alíneas, podendo qualquer uma delas ser seleccionada.
b) Categoria: Uma de entre um conjunto de categorias (ex.: idades por décadas)
c) Hierárquica: Pede-se ao inquirido que ordene algo.
d) Escala: Vários níveis nos processos de escalonamento de informação.
e) Quantidade: A resposta é um número.
f) Grelha: Apresenta-se uma  tabela ou grelha para registar respostas a uma ou mais questões ao mesmo tempo.

· Formulação de Questões a evitar:
- Ambiguidade, imprecisão e suposição;
- Memória;
- Conhecimentos;
- Questões duplas;
- Questões com respostas evidentes;
- Questões hipotéticas;
- Questões capciosas, que conduzem a uma resposta;
- Questões ofensivas e questões que abordem assuntos delicados.


3. Entrevistas
1. decidir o que se pretende;
2. perguntar o que é necessário;
3. será a entrevista a melhor forma de recolha de informação?
4. delinear esquema de questões;
5. tipo de entrevista;
6. refinar as questões;
7. considerar posterior análise das respostas;
8. elaborar guião;
9. teste do esquema;
10. revisão do esquema se necessário;
11. evitar parcialidade;
12. selecção de entrevistados;
13. marcação da entrevista (dia/hora);
14. requerer autorização hierárquica;
15. perante o entrevistado indicar-lhe o objectivo da mesma;
16. atenção ao tempo previsto;
17. verificar exactidão de dados com o entrevistado;
18. caso opte por gravação, requerer permissão;
19. seja honesto;
20. use bom senso;
21. cumpra o que combina.


4. Estudos por observação
- Registo e análise
- Conteúdo
- Selecção do método
- Preparação

1. decida o que pretende observar;
2. pondere sobre essa escolha;
3. considere alternativas;
4. que aspectos investigar: conteúdo, processo ou interacção;
5. peça autorização;
6. elabore gráficos, listas ou tabelas;
7. pondere com o que poderá obter;
8. teste e reveja o método;
9. prepare a observação;
10. tente passar despercebido;
11. integre o acontecimento na organização;
12. não se esqueça de agradecer, porque poderá necessitar de realizar mais observações.

5. Análise de dados
Elabore tabelas resumo e gráficos.



Referências:

Bell, Judith (1997) “Como Realizar um projecto de investigação”, Gradiva

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Investigação e Métodos Quantitativos

(Fotografia de Édouard Boubat)

Investigação Positivista/Quantitativa

Caracterização do ponto de vista epistemológico:

- Mundo composto por factos observáveis e mensuráveis;
- Instrumentos para encontrar relações de causa-efeito;
- Resultados valem por si - procura de neutralidade objectiva;
- Procura de resultados generalizáveis a outros contextos;
- Abordagens de cunho positivista;
- Mecanismos que assegurem a validade das conclusões, através de testes estatísticos;
- Estudos experimentais, quase-experimentais, correlacionais e questionários, partindo de uma amostragem cuidada e aleatória;
- Investigador exterior ao fenómeno a investigar.

Métodos:

- Investigação experimental;
- Estudo quase-experimental;
- Investigação correlacional;
- Investigação ex-post facto;
- Investigação por inquérito.

Investigação Experimental:
- Manipulação de condições e verificação do efeito causado por esta alteração;
- Alteração propositada do valor de uma variável (independente) e a observação da mudança em outra variável (dependente);
- Utilização de amostras aleatórias e comparação dos efeitos de um tratamento a um grupo de sujeitos em relação a um grupo de controlo.

Estudo quase-experimental:
- Na impossibilidade de trabalhar com amostras aleatórias.
- Estudos que não pressupõem amostras aleatórias;

Investigação Correlacional:
- Além da análise das relações entre variáveis, estima-se a força dessa relação através do cálculo de coeficientes de correlação;
- Estudos descritivos-correlacionais - estimar se há relação entre variáveis que se aplicam a uma situação;
- Útil em estudos exploratórios com pouca investigação.

Investigação ex-post facto:
- Investigação de possíveis relações de causa-efeito;
- Investigar no passado possíveis factores;
- Fazer emergir antecedentes de eventos que aconteceram;

Investigação por inquérito:
- Investigação descritiva ou investigação explicativa;
- Entrevista e questionário na recolha de dados;
- Generalizar os resultados a uma população definida;
- Recolher opiniões, crenças ou atitudes dos sujeitos.

Métodos de recolha de dados:
- Questionários;
- Testes;
- Entrevistas estruturadas;
- Análise documental;
- Não implica manipulação, mas exige a definição rigorosa da amostra.

Hipóteses:
- Tentativa de explicar os fenómenos em estudo;
- Devem ser testáveis;
- Devem ser formuladas de forma lógica.

Classificação das hipóteses:
- Conceptuais;
- Operativas;
- Estatísticas.

Validade na Investigação Quantitativa:
- Interna;
- Estatística;
- Externa;
- De Construto.

Variáveis:
- Quantitativas - Características mensuráveis;
- Qualitativas  - Atributos que descrevem sujeitos e situações.

Escalas:
- Nominais;
- Ordinais;
- Intervalares;
- Proporcionais;

Amostragem:
- Probabilística;
- Não-probabilística.

Amostras Probabilísticas:
- Aleatória simples;
- Aleatória Sistemática;
- Aleatória estratificada;
- Agregados.

Amostras Não-probabilísticas:
- Voluntárias;
- Intencionais;
- Proporcionais.

(Professora Alda Pereira - Universidade Aberta)

TEMA 2 - MÉTODOS DE RECOLHA DE DADOS

(Quadro de Georges Seurat)

Orientações

Os dados em investigação educacional podem provir de fontes muito diversas, desde documentos institucionais ou pessoais, a anotações feitas pelo investigador, decorrentes de observação em contextos naturalistas, passando pela aplicação de testes, questionários ou entrevistas aos sujeitos informantes, ou ainda pela utilização de artefactos produzidos em contextos não investigativos.

Nem sempre a recolha de dados exige a elaboração de instrumentos específicos. Contudo, o investigador encontra-se frequentemente na necessidade de ter de construir instrumentos próprios para obter os dados que permitem responder às suas questões de investigação. É o caso de testes, questionários, guiões de entrevistas ou grelhas de observação de comportamentos não verbais.

Numa primeira abordagem sugere-se que cada um proceda às pesquisas que entender, de modo a ficar com uma panorâmica geral sobre os métodos de recolha de dados, seja em pesquisas relacionadas com a investigação positivista e quantitativa, quer com a investigação interpretativa e qualitativa. A partir desta pesquisa genérica, focaremos o nosso estudo na utilização do questionário enquanto técnica quantitativa de recolha de dados e na utilização da entrevista como técnica de recolha de dados usada em investigação qualitativa.

A Actividade 2 decorrerá em sete fases entre dia 07 de Novembro e 18 de Dezembro.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Paradigmas e Métodos

(Quadro de Edward Hopper)


Pode-se fazer uso de diferentes métodos de forma combinada, recorrendo-se a mais de uma fonte para colecta de dados, aliando-se o qualitativo ao quantitativo (FREITAS et al., 2000).

Segundo Fernando A C Bignardi:
A Pesquisa Qualitativa parece ter vocação para mergulhar na profundidade dos fenómenos. Não almeja alcançar a generalização, mas sim o entendimento das singularidades. 
A Pesquisa Quantitativa aplica-se à dimensão mensurável da realidade, origina-se na visão newtoniana dos fenómenos e transita com eficácia na horizontalidade dos extractos mais densos e materiais da Realidade.

Pesquisa-acção:

A pesquisa-acção tem origem em trabalhos desenvolvidos por Kurt Lewin, na década de 40, nos Estados Unidos, envolvendo disciplinas das ciências sociais. Lewin, a partir de uma abordagem integrada, define um programa de pesquisa capaz de fornecer critérios objectivos e precisos para avaliar cada situação e analisar as acções voltadas para a solução de problemas grupais e intergrupais. Utiliza, como ponto de partida, a pesquisa do tipo experimental (EDEN; HUXHAM, 2001; MACIEL, 1999; VERGARA, 2005).

A pesquisa-acção é, muitas vezes, tratada como sinónimo de pesquisa participante ou pesquisa colaborativa. Tanto a pesquisa-acção quanto a pesquisa participante têm como origem a psicologia social e as limitações da pesquisa tradicional, dentre as quais se evidencia o distanciamento entre o sujeito e o objecto de pesquisa, factor que ressalta a necessidade de inserção do pesquisador no meio e a participação efectiva da população investigada no processo de geração de conhecimento (HAGUETE, 1999).

E ainda a propósito de Pesquisa-acção num texto de José Francisco de Melo Neto:

A metodologia da pesquisa-acção é uma opção, uma metodologia que estimula a participação das pessoas envolvidas na pesquisa e abre o seu universo de respostas, passando pelas condições de trabalho e vida da comunidade. Buscam-se as explicações dos próprios participantes que se situam, assim, em situação de investigador. Na pesquisa-ação, o participante é conduzido à produção do próprio conhecimento e torna-se o sujeito dessa produção. Neste aspecto, essa metodologia distancia-se das demais e se afirma, constituindo-se como fundamental instrumento de resistência e conquista popular. Trata-se de uma metodologia constituída de acção educativa e que, segundo Oliveira (1981: 19), promove “o conhecimento da consciência e também a capacidade de iniciativa transformadora dos grupos com quem se trabalha”. Uma concepção de pesquisa que Pinto (1979: 456) considera “fundamentalmente como acto de trabalho sobre a realidade objectiva”. E já para Gamboa (1982: 36) a pesquisa-ação “busca superar, essencialmente, a separação entre conhecimento e acção, buscando realizar a prática de conhecer para actuar”.

(Participação no Fórum no dia 1 de Novembro)

Investigação Quantitativa e Qualitativa

(Quadro de Portinari)

Análise da Equipa In Fiore

Depois de analisarmos alguns estudos e casos de investigação torna-se evidente que as investigações manifestam cada vez mais a presença de ambas as abordagens; em contraste uma da outra; aproveitando as potencialidades que cada uma poderá trazer ao estudo em causa.
No entanto, existem diferenças entre a investigação quantitativa e qualitativa que apresentamos seguidamente e que tem como base os conceitos gerais apresentados na unidade curricular.

Diferenças
Abordagem Quantitativa
Abordagem Qualitativa
Tipo de investigação (objectivos)
·      Investigação objectiva
·      Afasta-se do senso comum.
·      Investigação subjectiva em que os resultados dependem da compreensão dos dados e dos juízos de valor.
Linguagem utilizada
·      Formal e impessoal
·      Vocabulário baseado na técnica, no estabelecimento de relações e comparações.
·      Informal
·      Vocabulário baseado na compreensão, no descobrir, na evolução e no contexto onde está inserida a investigação.
Tipo de intervenção do investigador
·      Mantém-se independente
·      O investigador interfere na investigação interagindo com o objecto.
·      Parcialidade.
Método/resultados
·      Processo dedutivo e na procura causa-efeito.
·      Resultados fiáveis com medição rigorosa e controlada através de inquéritos, testes, dados estatísticos – com validação científica.
·      Resultados generalizáveis
·      Investigação orientada para os resultados.
· Método indutivo, exploratório, descritivo dos dados.
· Regra geral a investigação poderá seguir outro rumo dependo das interpretações do investigador.
· Dados reais e fiáveis utilizando como instrumentos da observação, análise documental, entrevistas.
· Dificilmente apresenta os resultados num contexto generalizável.
· Investigação orientada para os processos.

Os paradigmas em investigação educacional

(quadro de Picasso)

Um paradigma poderá ser entendido como um referencial para a investigação e apresenta-se através de um conjunto de orientações e que irá traduzir-se na prática o meio de suporte ao estudo. As investigações na educação são suportadas por três grandes paradigmas de investigação científica: o positivista, o interpretativo e o sócio crítico.
Segundo Coutinho, 2006 “ A cada paradigma corresponde a uma forma de entender a realidade e encarar os problemas educativos e a evolução processa-se quando surgem novas formas de equacionar as questões impulsionando a que os paradigmas fluam, entrem em conflito na busca de novas soluções para os problemas do ensino e da aprendizagem”.
A escolha do paradigma de suporte a uma investigação, é assim, um processo complexo mas o tipo de investigação - centrada no objecto ou no estabelecimento da relação entre o sujeito e o objecto - poderá ser determinante na escolha do paradigma ou na coexistência de mais do que um durante o estudo.

Caracterização dos paradigmas:

Paradigma positivista/normativa
No primeiro caso o paradigma positivista/normativa baseia-se num conceito objectivo onde o investigador deverá procurar ser o mais neutro possível evitando interferir no meio/realidade em estudo. É um paradigma que assenta na procura da causa-efeito e onde os mundos físico e social são vistos de forma igual. As investigações que se desenvolvem neste paradigma baseiam-se na previsão, explicação e controlo de fenómenos através da formulação de leis gerais; rejeitando o senso comum. Em termos de educação e quando utilizado este paradigma desenvolve-se regra geral em sala de aula, nomeadamente, em simulações de laboratório e com base em métodos quantitativos, questionários, análises estatísticas e codificação quantitativa. Está normalmente associado a investigações em larga ou média escala.

Paradigma Interpretativo
No paradigma interpretativo, ao contrário do anterior, o papel do investigador é fundamental com o seu envolvimento na procura de padrões e orientações no percurso da investigação, havendo uma grande valorização do seu papel. Neste paradigma o sujeito e o objecto têm em comum o facto de serem em simultâneo “intérpretes” e “construtores de sentidos” procurando-se compreender e descrever o significado das acções dos sujeitos descurando entender as causas (ao contrário do paradigma anterior). O individuo é assim visto como um objecto de estudo. Regra geral este paradigma está associado a investigações de pequena escala e recorre à utilização de técnicas de observação, questionários e às análises conversacional e textual para chegar aos seus objectivos.

Paradigma Crítico
Este paradigma baseia-se em princípios ideológicos e onde a sociedade, grupos e indivíduos são os objectos de estudo havendo participação do investigador. É considerado por muitos autores como o paradigma emancipatório; isto é, de transformação, baseando-se assim numa intervenção activa e crítica na modificação das situações anteriores (procura dos aspectos aparentemente invisíveis mas que serão factores importantes para a essa mudança). Em termos educativos é utilizada para a tomada de decisões recorrendo à investigação avaliativa.

(Equipa In Fiore)

Fluxograma

Fluxograma elaborado pela Equipa In Fiore, relativo às etapas de uma investigação