segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

TEMA 4 - PROBLEMÁTICAS DE INVESTIGAÇÃO

1) Quais os aspectos mais inovadores da abordagem apresentada? 
2) De que forma se relaciona com as abordagens tradicionais descritivo/qualitativo e/ou experimental/quantitativo? 
3) Que dificuldades antecipam na sua implementação? 
4) Quais as principais implicações/conclusões?

Definições

Paradigma emergente para o estudo da aprendizagem em contexto através do desenho sistemático e do estudo de estratégias instrucionais e ferramentas. (Brown, 1992; Collins, 1992)
Metodologia sistemática, mas flexível, destinada a melhorar práticas educativas através de uma interacção entre a análise, o desenho, desenvolvimento e a implementação, baseadas na colaboração entre pesquisadores e profissionais em contextos do mundo real, e levando a princípios e teorias do desenho contextualizadas. (Wang, Hannafin 2005)
Nova estratégia metodológica para estudar uma grande variedade de desenhos, incluindo a tecnologia com base em desenhos instrucionais. (Collins, Joseph, Bielaczyc 2004)


Aspectos inovadores

É uma metodologia em educação que resolve problemas complexos em contextos reais, em colaboração com os professores; realiza investigações rigorosas e reflexivas para testar e aperfeiçoar ambientes de aprendizagem inovadores; visa aumentar radicalmente a relevância da pesquisa para a prática, envolvendo os sujeitos de pesquisa em diferentes papeis durante o processo de investigação; as suas intervenções incorporam afirmações teóricas sobre o ensino e a aprendizagem, a teoria é constantemente desenvolvida e elaborada através de ciclos de pesquisa e a pesquisa é conduzida em contexto real, num contexto educativo natural, como aulas, ao contrário do isolamento do laboratório; é contextualizada, não pode ser concebida independente do contexto, porque a pesquisa deve levar em conta como funciona em diferentes cenários; aborda e resolve problemas práticos promulgando intervenções, enquanto estende teorias ou “prototeorias” em desenvolvimento e redefine os princípios do desenho para uma compreensão fundamental; os seus processos são colaborativos, interactivos e flexíveis. 
Segundo Cobb (2003) desenvolve teorias tanto sobre o processo de aprendizagem quanto sobre os materiais que são utilizados para dar suporte à aprendizagem; tem uma natureza intervencionista que objectiva investigar possibilidades de novas formas de aprendizagem visando mudanças educacionais; envolve a revisão contínua do design do projecto que se mostra flexível, uma vez que há um conjunto de tentativas iniciais que são revistas em função do seu sucesso na prática, ou seja, essa metodologia tem dois aspectos: o prospectivo e o reflexivo. Assim, o pesquisador interage no sistema continuamente dotando-o de um movimento cíclico; quebra da visão tradicional em que pesquisador, professores e alunos desempenham papeis fixos no processo; é pragmático, pois as teorias que envolvem as actividades estão relacionadas a um domínio específico.


Relação com abordagens tradicionais

A investigação aplicada sobre o desenho é integrativa pela riqueza e pela variedade de diferentes teorias, métodos de pesquisa e procedimentos das pesquisas tanto qualitativas como quantitativas, que são usados para colmatar as necessidades da pesquisa. Ou seja, a investigação aplicada sobre o desenho utiliza métodos mistos como meio para analisar os resultados de uma intervenção e redefinir essa intervenção. A integração de múltiplos métodos durante os ciclos iterativos resulta em múltiplas fontes e tipos de dados, que aumentam a objectividade, a validade, a credibilidade e a aplicabilidade das descobertas.

Tabela
Comparação entre experimentação psicológica e Investigação aplicada ao Desenho


CATEGORIA
EXPERIMENTAÇÃO PSICOLÓGICA
INVESTIGAÇÃO APLICADA AO DESENHO
Localização da pesquisa
Em laboratório
Ocorre na confusão da vida real onde a maior parte da aprendizagem ocorre
Complexidade das variáveis
Envolve frequentemente uma ou um par de variáveis independentes
Envolve múltiplas variáveis dependentes
Foco da pesquisa
Centra-se na identificação de algumas variáveis e mantendo-as constantes
Centra-se em caracterizar a situação em toda a sua complexidade
Desdobramento  de procedimentos
Utiliza procedimentos fixos
Envolve uma revisão flexível do desenho onde há um conjunto inicial de tentativas que são revistas, dependendo do seu sucesso na prática
Interacção Social
Isola os alunos para controlar a interacção
Envolve frequentemente  interacções sociais complexas com participantes partilhando ideias, distraindo-se entre si e afins
Caracterização dos resultados
Centra-se em testar hipóteses
Envolve olhar para múltiplos aspectos do desenho e desenvolver um perfil que caracteriza o desenho na prática
Papel dos participantes
Trata os participantes como assuntos
Envolve diferentes participantes no desenho, de modo a contribuir com as suas diferentes experiências para produzir e analisar o projecto


Dificuldades/Problemas

Por ser relativamente nova e estar em desenvolvimento, é um tipo de investigação que recebe algumas críticas. Dede (2004) afirma que não parece haver normas para decidir se um projecto deve ser continuado, e tido em conta, ou abandonado e é uma investigação que apresenta uma promessa de diferenciação pelas suas condições de sucesso. Mas isto não é possível porque as suas descobertas são fortemente limitadas pelas variáveis contextuais moldando o sucesso e a eficácia do projecto. Muitos dos estudos têm falta de uma base teórica forte e não acrescentam literatura que desenvolva a teoria. Dede afirma ainda que há tendência em começar com uma solução predeterminada e procurar problemas educativos onde esta possa ser aplicada, estratégia que leva a uma pesquisa muitas vezes sub-conceptualizada. Também Brown (1992) apresenta uma preocupação relativamente à selecção dos dados como uma limitação para esta investigação. A natureza iterativa pode resultar numa colecção excessiva de dados das questões de pesquisa designadas por entrevistas, inquéritos e afins que poderiam contribuir muito pouco para a teoria. O’Donnell (2004) argumenta que, devido à natureza da investigação aplicada sobre o desenho, onde mudanças e ajustes são constantemente reflectidos na intervenção e na implementação, assim como a complexidade da ligação contextual, torna difícil fazer generalizações entre participantes, contextos e descobertas. A própria relação demasiado próxima entre os intervenientes, torna a distinção turva.


Conclusões

A investigação aplicada sobre o desenho oferece uma nova visão do mundo, do desenvolvimento e refinamento da teoria, juntamente com o desenho para a construção do projecto de ciências da educação. No entanto também oferece uma nova e emergente metodologia de pesquisa, de diferentes campos do desenho e da educação e inclui inclusivamente uma abordagem de métodos mistos, impulsionada por essa nova visão do mundo. Produz um conhecimento dinâmico e utilizável que informa teorias que, por sua vez, informam o mundo real. Produz um conhecimento dinâmico que muda em função do contexto que é uma estrutura sinuosa que é moldada pelo tempo, lugar, actores e acções. Oferece um conhecimento local uma vez que produz generalizações que são retiradas de implementações iniciais, o que torna a investigação aplicada sobre o desenho uma ciência local.

According to Collins et al (2004: 15) “ "the term "design experiments" was introduced in 1992, in articles by Ann Brown (1992) and Allan Collins (1992). Design experiments were developed as a way to carry out formative research to test and refine educational designs based on principles derived from prior research.”
According to Sandoval (talk, 2007). DBR is about intervention: when it works, how it works and for who it works.

Referências

AKILLI, Goknur Kaplan. Design Based Research vs. Mixed Methods: The Differences and Commonalities.

HERRINGTON, J., McKenney, S., Reeves, T. & Oliver, R. (2007). Design-based research and doctoral students: Guidelines for preparing a dissertation proposal 


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Validação da Entrevista

(Fotografia de Manuel Álvarez Bravo)

Validação da entrevista de Sónia Santos

A análise de conteúdo segundo Berelson, é “uma técnica de investigação para a descrição objectiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da comunicação” (Berelson, 1952)

Introdução

A entrevista partiu das mesmas questões pois a Sónia pertence ao grupo “In Fiore”, do qual faço parte.

Análise

Tema – A Sónia colocou inicialmente no tema “Redes sociais”, enquanto eu optei por incluir no tema o “Perfil do entrevistado” e as “Competências TIC”.

Categorias- A primeira é bastante semelhante à minha, assim como na sub-categoria subsequente, relativas ao perfil do entrevistado. A diferença foi efectivamente a minha opção de colocar em tema “perfil do entrevistado”. As restantes categorias parecem-me explícitas e bem organizadas.

Sub-categorias – Nas sub-categorias a Sónia optou por descrevê-las, enquanto eu optei por esquematizá-las, no entanto, independentemente desta diferença, as mesmas encontram-se claras e objectivas.

Unidades de registo – Todas me parecem coerentes e concernentes com a entrevista.

Conclusão

A leitura que faço da análise de conteúdo da colega Sónia Santos é que a mesma é clara, bem estruturada e parece-me explicitar bem a entrevista em questão. Mesmo as diferenças que referi são casos que se relacionam apenas com a escolha pessoal de cada um e não afectam o conteúdo da entrevista. 
A Sónia fez uma correcta correspondência em cada parâmetro, dando coesão e clareza à entrevista.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Análise de conteúdo - matriz
Entrevistado: Rui Brejo - Professor de Filosofia
Local da entrevista/meio de entrevista: Escola em Lisboa/Entrevista presencial
Duração da entrevista: Cerca de 20 minutos

Tema
Categorias
Sub-categorias
Indicadores/unidades de registo
Unidades de Contexto

Perfil do entrevistado








Competências TIC







Redes Sociais






















Utilização da rede social no contexto educativo

Pessoal, académico e profissional








Análise e avaliação das Competências TIC





Conhecimento e avaliação crítica.






















Compreensão, avaliação e identificação.

- Idade
- Sexo
- Habilitações Literárias
- Escola
- Grupo de Recrutamento
- Situação Profissional
- Anos de serviço na docência

- Identificação
- Avaliação
- Desenvolvimento de competências
- Formação



- Redes conhecidas

- Frequência no acesso

- Opinião






- Aspectos positivos e negativos











- Desenvolvimento de actividades educativas com redes sociais.







- Possibilidade de utilização no sistema educativo










- Relação entre aluno-professor e aluno-aluno.



- Problemas e benefícios.













- Competências a desenvolver.









- Melhoria/inovação no processo ensino-aprendizagem.




- Expectativas de utilização de práticas educativas com redes sociais

38
Masculino
Licenciatura
Digital
410
Prestação de Serviços
14



Sim
Boas
Na prática e com o auxílio da net
Não




Facebook,  Orkut,  Myspace e Twitter

Diariamente

Divulgar informação e interagir.






Circulação de informação, partilha de gostos.
Exposição e conteúdos enganosos.









Não. Ajustes técnicos.










Sim. Desafios de aprendizagem. Criação de grupos, atribuição de tarefas. Acompanhamento.










Interacção.





Ajustes técnicos, dispersão dos alunos. Diversificação de ferramentas, criação de motivação.












Autonomia, espírito crítico. Selecção da informação.









Dinamismo, motivação.






Esclarecimento de dúvidas, diversificação de ferramentas, grupos para debate e troca de opiniões.

“38”
“Masculino”
“Licenciatura em Filosofia”
“Escola Digital”
“410”
“A prestação de Serviços”
“14 anos”


“Possuo e considero-as relativamente boas. Fui desenvolvendo com a prática, com uma utilização autónoma e por vezes procurando soluções e ajudas on-line.”

“Conheço o Facebook, o Orkut, o Myspace e o Twitter. De momento estou registado no Facebook e acedo diariamente.”
“Acho que são, tal como outros meios, uma boa forma de divulgar informação e interagir, comunicar e partilhar gostos e vontades.”

“Bem, nos positivos creio que entra a liberdade e a facilidade de circulação de informação, assim como a partilha de saberes e gostos. Nos negativos, surgem os problemas da demasiada exposição e a circulação de conteúdos por vezes enganosos.”

“Não, até ao momento ainda não. Como sabes, muitas vezes há aquele difícil ajuste técnico numa comunidade alargada, e essa utilização poderia implicar a utilização de salas de computadores, o que nem sempre é possível.”

“Creio que sim. Podem servir como transmissão de desafios de aprendizagem, e serem até extra matéria. Penso que permitem a criação de um grupo para uma respectiva disciplina e inclusivamente atribuir tarefas aos alunos, criar discussões e acompanhar a evolução e a participação nas mesmas.”

“Parece-me que resulta numa interacção mais descontraída e por isso mais enriquecedora para ambas as partes.”

“Um dos problemas vem pelos tais difíceis ajustes técnicos para uma comunidade alargada, implicando a disponibilidade de suportes informáticos e o outro relaciona-se com a dispersão dos alunos na utilização de um meio que oferece tanta distracção. As vantagens estarão no campo da diversificação de ferramentas e da motivação criada.”

“Creio que permitem criar alguma autonomia e um certo espírito crítico. Podem exigir da parte deles uma selecção de informação pertinente e fidedigna, pois como te disse circula muita informação enganosa.”

“As redes sociais podem sempre acrescentar dinamismo aos trabalhos realizados fora da aula e extra matéria e alcançar a motivação dos alunos.”

“Acho possível, talvez no esclarecimento on-line de dúvidas sobre determinados aspectos dos conteúdos e diversificando ferramentas de ensino, criando grupos restritos a cada turma e motivando o debate e a troca de opiniões.”










Realização de uma entrevista

Actividade:
Trabalho de campo com a realização de entrevistas no âmbito da unidade curricular de Metodologias de Investigação em Educação.

Objectivo da actividade: 
Realização de entrevistas presenciais a docentes do ensino básico/secundário tendo como base três questões de investigação:

1. O que pensam esses professores sobre as redes sociais a exemplo do Facebook, Myspace, Twitter, etc?
2. Como é que vêem a sua (hipotética/real) participação numa rede social?
3. Que expectativas têm sobre o seu uso no ensino?

(Fotografia de Herman Leonard)


Transcrição da Entrevista

A entrevista foi realizada com uma explicação prévia dos objectivos da mesma.

Dimensão: Perfil do entrevistado - Pessoal e profissional 


1- Idade: 38 anos
2- Sexo: M
3- Formação Académica: Licenciatura em Filosofia
4- Escola onde lecciona: Escola Digital
5- Grupo de Recrutamento: 410
6- Situação Profissional: Prestação de serviços
7- Anos de serviço: 14 anos

Dimensão: Identificação das competências TIC: 

8- Possuis competências nas TIC? Como as avalias e onde as desenvolveste? 

Possuo e considera-as relativamente boas. Fui desenvolvendo com a prática, com uma utilização autónoma e por vezes procurando soluções e ajudas on-line.

9- Tens realizado formação na área das TIC? 

Não.
Dimensão: Avaliação crítica das redes sociais

10- Que redes sociais conheces? E diz-me se estás registado em alguma e com que frequência acedes.

Conheço o Facebook, o Orkut, o Myspace e o Twitter. De momento estou registado no Facebook e acedo diariamente.

11- Que opinião tens das redes sociais? 

Acho que são, tal como outros meios, uma boa forma de divulgar informação e interagir, comunicar e partilhar gostos e vontades.

12- Apresenta dois aspectos positivos e dois negativos das redes sociais. 


Bem, nos positivos creio que entra a liberdade e a facilidade de circulação de informação, assim como a partilha de saberes e gostos. Nos negativos, surgem os problemas da demasiada exposição e a circulação de conteúdos por vezes enganosos.

13- Já desenvolveste alguma actividade educativa com as redes sociais? Se sim, diz-me qual, se não refere-me o motivo. 

Não, até ao momento ainda não. Como sabes, muitas vezes há aquele difícil ajuste técnico numa comunidade alargada, e essa utilização poderia implicar a utilização de salas de computadores, o que nem sempre é possível.

Dimensão: Participação/Expectativas de utilização da rede social no contexto educativo 

14- Consideras que as redes sociais podem ser utilizadas no ensino ou como suporte do processo de ensino-aprendizagem? E como as utilizarias? 

Creio que sim. Podem servir como transmissão de desafios de aprendizagem, e serem até extra matéria. Penso que permitem a criação de um grupo para uma respectiva disciplina e inclusivamente atribuir tarefas aos alunos, criar discussões e acompanhar a evolução e a participação nas mesmas.

15- Como vês a interacção dos alunos com os professores, e entre si, nas redes sociais? 

Parece-me que resulta numa interacção mais descontraída e por isso mais enriquecedora para ambas as partes.

16- Apresenta na tua opinião os dois principais problemas e benefícios da utilização das redes sociais no ensino. 


Um dos problemas vem pelos tais difíceis ajustes técnicos para uma comunidade alargada, implicando a disponibilidade de suportes informáticos e o outro relaciona-se com a dispersão dos alunos na utilização de um meio que oferece tanta distracção. As vantagens estarão no campo da diversificação de ferramentas e da motivação criada.

17- Achas que as redes sociais podem promover um desenvolvimento de competências nos alunos? E que competências? 

Creio que permitem criar alguma autonomia e um certo espírito crítico. Podem exigir da parte deles uma selecção de informação pertinente e fidedigna, pois como te disse circula muita informação enganosa.

18- Como achas que as redes sociais poderão potenciar melhorias ou inovação no processo de ensino-aprendizagem? 

As redes sociais podem sempre acrescentar dinamismo aos trabalhos realizados fora da aula e extra matéria e alcançar a motivação dos alunos.

19- Achas que podes vir a inspirar-te em práticas que conheças das redes sociais? 


Acho possível, talvez no esclarecimento on-line de dúvidas sobre determinados aspectos dos conteúdos e diversificando ferramentas de ensino, criando grupos restritos a cada turma e motivando o debate e a troca de opiniões.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A Entrevista - Estrutura e Exemplos

(Fotografia de Roy DeCarava)

Vantagens

1) Permite aprofundamento da percepção do sentido que as pessoas atribuem às suas acções.
2) Torna-se flexível porque o contacto directo permite explicitação das perguntas e das respostas.

Limites

1) É menos útil para efectivar generalizações. O que se ganha em profundidade perde-se em extensividade.
2) Implica interacções directas. As respostas podem ser condicionadas pela própria situação da entrevista. Estes efeitos devem ser tidos em conta.

A amostra

A amostra, em entrevistas em profundidade, não tem o seu significado mais usual, o de representatividade estatística de determinado universo. Está mais ligada à significação e à capacidade que as fontes têm de dar informações confiá­veis e relevantes sobre o tema de pesquisa. Boa parte da validade da pesquisa está associada à selecção. É possível, entrevistando um pequeno número de pessoas, ade­quadamente seleccionadas, fazer um relato bastante consistente sobre um tema bem definido. Relevante, neste caso, é que as fontes sejam consideradas não apenas válidas, mas também suficientes para responder à questão de pesquisa, o que torna normais, durante a pesquisa de campo, novas indicações de pessoas que possam contribuir com o trabalho e, portanto, ser acrescentadas à lista de entrevistados.

Individual- quando a entrevista é dirigida a uma pessoa; se o objectivo é recolher informação sobre o entrevistado.
Grupo- quando o entrevistador recolhe dados de vários participantes através da observação conjunta das interacções e dinâmica de grupo; se o objectivo é recolher informação de vários participantes e características comuns.
Social- quando uma pessoa ou um grupo avalia e forma uma opinião acerca de um ou mais indivíduos.
Painel- quando uma pessoa é entrevistada por várias pessoas em conjunto.

(Fotografia de Mario Giacomelli)


Os tipos

Directiva – o guião da entrevista é rígido, a ordem das perguntas respeita uma lógica. Obedece a um plano constituído por um conjunto de questões previamente escolhidas. Todos os pormenores da entrevista são cuidadosamente preparados, através de uma escolha rigorosa da sequenciação das questões, do vocabulário utilizado e na forma como as questões são formuladas, de modo a que as perguntas e as respostas estejam, antecipadamente, condicionadas (Costa, 2004). O resultado deste procedimento designa-se por guião da entrevista. Este, conduz a uma diminuição da liberdade de resposta, por parte do entrevistado, que só deve responder ao que lhe é perguntado. Esta é uma limitação deste tipo de entrevista, uma vez que se perde toda a informação adicional que pode advir da espontaneidade do entrevistado (Pardal, 1995).

Semi-directiva - O entrevistador conhece os temas sobre os quais tem que recolher informação, mas a ordem e a forma de questionar é livre. O entrevistador orienta-se por um guião de temas que serão abordados livremente sem obedecer a uma ordem determinada. Deste modo, o entrevistador pode alterar a ordem das questões preparadas ou introduzir novas questões no decorrer da entrevista, solicitando esclarecimentos ou informação adicional, não estando portanto, regulado por um guião rígido (Simões, 2006). Por outro lado, o entrevistado também não está condicionado a responder apenas ao que lhe é perguntado, pois as perguntas são abertas, podendo expandir-se para outros temas não previstos pelo entrevistador. As entrevistas semi-estruturadas passaram a ser amplamente usadas por os “pontos de vistas dos sujeitos serem mais facilmente expressos numa situação de entrevista relativamente aberta do que numa entrevista estruturada ou num questionário” (Flick, 2005).

Não directiva - convida-se o entrevistado a organizar o seu discurso a partir de um tema proposto e o entrevistador só intervém para encorajar. O tema da entrevista é apresentado ao entrevistado e este desenvolve livremente o assunto, dando a conhecer as suas opiniões (Costa, 2004). A entrevista é modelada por uma maior informalidade no tratamento dos conteúdos a apresentar ao entrevistado, pelo que as respostas são mais informais e livres, tornando a entrevista numa conversa espontânea entre o entrevistador e o entrevistado. Pardal (1995, p. 65) destaca dois tipos de entrevista não directiva: a entrevista não-dirigida, que se caracteriza "por uma completa liberdade de conversação"; a entrevista dirigida, que se centra "num assunto preciso, com as perguntas em torno dele". Neste tipo de entrevista, pode acontecer que, face à sua natureza, a informação transmitida afaste-se do interesse do contacto do entrevistador e o próprio tratamento da informação apresenta mais dificuldades do que nos outros tipos de entrevista.

(Fotografia de Harald Hauswald)


Modelo de tipologia em entrevista

Pesquisa
Questões 
 Tipo
Modelo
Abordagem
Respostas
Qualitativa
Não-estruturadas
Aberta
Questão

Em Profundidade
Indeterminadas
Semi-estruturadas
Semi-aberta

Roteiro
Quantitativa
Estruturadas
Fechada
Questionário
Linear
Previstas




O guião

O guião de entrevista é um texto que serve de base à realização de uma entrevista propriamente dita. Antes de realizar qualquer entrevista é necessário seleccionar o tema, os objectivos, a(s) pessoa(s) a entrevistar. O guião é constituído por um conjunto (ordenado ou não) de questões abertas (resposta livre), semi-abertas (parte da resposta fixa e outra livre) ou fechadas (resposta fixa). Deve incluir uma indicação da entidade e/ou pessoa, data, local e título. Um texto inicial apresenta a entrevista e os seus objectivos, devendo ser lido ao entrevistado. O guião ainda pode conter notações que auxiliam a condução da entrevista (tempo previsível de resposta, palavras-chave de resposta, questões para aprofundamento do tipo “pode dizer-me mais acerca deste assunto?”, etc.).

- Caracterização dos entrevistados (idade, escolaridade, localidade, …);
- Selecção da população e da amostra;
- Definição da temática e dos objectivos;
- Estabelecimento do meio de comunicação, espaço onde decorre a entrevista e do tempo;
- Descriminação das características e perguntas do guião;
- Produção e aspecto gráfico do guião;
- Validação da entrevista pela análise crítica, por outros indivíduos de relevo.